quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Contagem Regressiva (Juliano Casonatto)

A contagem regressiva já começou 
há muito tempo
Pra onde você vai? O que está fazendo?
Cuidado meu amigo com o que está acontecendo!
Sua vida está passando, você nem percebendo
Esta é sua hora, agora é o momento!

Quem é você? Quem é você?
Mais um perdido que o acaso guiou...

O barco está à deriva, que vento é esse?
Quem embarcou com você? Que povo é esse?
Você tem a liberdade pra escolher,
Leve esse barco pra onde quiser
Cada um tem em si um destino certo
Cada um tem em si um acaso a decidir

Quem é você? Quem é você?
Mais um perdido que o acaso guiou...

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Primavera Invencível

Sempre lembro que minha estação preferida é àquela de que sou filho, a primavera. Nunca gostei muito do inverno, até olhar pra ele como ela... Uma estação grávida que, em um derradeiro momento, dará luz aos floridos e quentes dias de primavera que ocorrem por aqui, na linha do trópico de capricórnio. Na última estação, descobri que a estação mais difícil pra mim não era o inverno, mas o outono. 
E hoje, neste lindo dia de inverno, posso adaptar Camus e dizer que, no meio de um outono eu finalmente aprendi que havia dentro de mim uma primavera invencível...
Para que as estações pudessem constituir ciclos que as colocam sempre nos mesmos meses, os romanos antigos precisaram acrescentar dois meses ao seu calendário que tinha apenas dez. O último mês, como sugere o nome, era Dezembro! Curioso que o que era mês dez, hoje é doze, mas continua com "dez" no nome... O mesmo vale pra Novembro, Outubro e Setembro!
Não fosse a vaidade de Augusto, estaríamos agora em Seisembro! Antes de ontem teria sido seis de seisembro! Uma redundância tão boa quanto Dez de Dezembro ou Sete de Setembro. A primeira data dá nome à avenida que passa aqui perto de mim, em referência à fundação da minha cidade. Nesta avenida caí meus “Zombeteiros Tombos”! A segunda se refere ao dia em que supostamente o Brasil se tornou independente.
O dia de hoje, que numericamente fica 8 do 8, me parece muito mais interessante que 12 do 12 ou 10 do 10... Gosto do infinito em pé repetido... Mas gosto ainda mais de pensar hoje como “oito de seisembro”! 
Maldito seja Otávio Augusto por ter rebatizado o mês do seis e, além disso, ter roubado pro seu Agosto um dia de Fevereiro! Antes ainda, maldito Julio Cesar, que primeiro rebatizou um mês, o anterior, e, com isso provocou a inveja do tal "Oitavo Agosto"!
Mas mesmo que os meses e todas as coisas troquem de nome, tem coisas que ficam, e sempre ficam, deixando boas lembranças de outras estações... 
Mesmo com tantas belas primaveras, o final de uma delas me assombra... Maldito dezembro em que completei 29 voltas ao redor do sol! O meu mês preferido, de repente, se tornou o pior mês de minha vida... Palavras cortantes, doença, aproximação da morte em um leito de hospital... Como eu queria esquecer aquele mês de dezembro! Dia destes sonhei com as imagens de mote que vem me assombrando desde então...

“Se queres elevar-te, exercita a arte de esquecer.”

Mas que exercício difícil este proposto por Nietzsche! O próprio filósofo sabia desta dificuldade:

“Talvez o homem não possa esquecer nada. A operação de ver e de conhecer é complicada demais para que seja possível apagá-la de novo inteiramente; ou seja, para todas as formas que foram produzidas uma vez pelo cérebro e pelo sistema nervoso repetir-se-ão, a partir daí, muitas vezes. A mesma atividade nervosa reproduz a mesma imagem.”

E assim, sem conseguir me livrar dos fantasmas da memória, aquela primavera sempre me volta... Com tudo que ela trouxe de bom e de ruim...
Eterno retorno... Um movimento de loop incessante... 
Se pudesse trocar os meses numerais que têm a primavera, tiraria o dez daquele ano e colocaria o seis em seu lugar...

Mas nem a invenção do Seisembro,
pode apagar aquele Dezembro...
Me esforço, porem lembro...
Eu me lembro Dezembro...