quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Primavera Interior

Quando o inverno apresentava todos os sinais de seu derradeiro fim,
Preparei-me para a conversão que traria alívio imediato de minha dor
Alegrei-me timidamente, mas já preparando a euforia que viria com os ventos da mudança.
Chegou a primavera?
Olhei pra direita e pra esquerda. Nada.
Olhei de minha cama as sombras de folhas que me acompanharam nas noites de insônia no inverno.
Nada.
As mesmas folhas, os mesmos movimentos, a mesma dor.
Pensei então que a primavera começaria de fato com o raiar do dia.
Esperei o sol.
O dia veio, lindo, em cores alegres, como toda primavera.
Mas havia espessa nuvem diante de meus olhos.
Uma nuvem rosada e leve, mas que escondia toda a beleza da estação que me traria de volta a alegria.
Raios!
Tudo parecia desesperadamente igual!
Alberto Caeiro, com sua sinceridade cortante me consolava com a ideia de que a primavera não podia ser uma pessoa e nem era uma coisa.
Viriam novas flores coloridas e novas folhas verdes.
Nada igual.
Mas pra mim, tudo parecia igual. Não igual à imagem da primavera passada, mas igual ao dia anterior, onde o inverno ainda dava seus últimos suspiros.
Suspirei.
Será que o inverno seguiria me assombrando pelos dias de primavera?
A primavera viria no verão ou viriam quentes dias de inverno em janeiro?
O Inverno sobreviveria pra sempre em mim?
Mas estes questionamentos só me vieram por conta da expectativa que criei. Esperava alívio imediato, mas talvez fosse preciso esperar.
Depois de um giro de 180 graus, a nuvem rosada se dissipou.
Um fio de esperança surgiu diante dos meus olhos.
A nuvem rosada agora se resumia a tonalidades de rosa, misturada com tonalidades de azul.
Toda a natureza me apareceu ali, recheada de beleza e vida.
Love, love, love...
Como na canção dos Beatles, as nuvens pareciam lembrar que tudo o que preciso é de amor.
180 graus que a terra deu em torno de si e a primavera, com meio dia de atraso, começou!

Agora meu coração já sente o frescor acalorado de um clima primaveril.