segunda-feira, 26 de março de 2012

Conceitos de Segunda #08

Quando eu completei um ano, meu padrinho Dauri comprou pra mim uma camisa do São Paulo. Meu pai, corintiano, afirmou dias depois, que nossa casa foi invadida por ladrões, e entre os objetos furtados, a minha camisa do tricolor paulista. Será? Não me lembro de o meu pai ser um torcedor fanático do Timão, mas lembro, no entanto, que ele sempre se orgulhava de ter defendido como jogador o Londrina Esporte Clube, glorioso time da minha terra natal. Minha avó Mafalda costumava levar eu e meu irmão nos jogos do LEC. Ela sempre com pouco dinheiro, nunca comprava ingresso nas cadeiras. Mas também Não procurava um lugar mais tranquilo na arquibancada... Ficávamos entre as torcidas Falange e a Sangue Azul, num local onde só dava pra assistir o jogo de pé, no estádio VGD. Quando o Londrina jogava no estádio do café, saiamos da Vila Casoni e encarávamos longa caminhada até o estádio. A vó sempre ali, firme e forte na torcida pelo tubarão. Se o LEC perdia a volta pra casa era triste e exaustiva. Se o time vencia, voltávamos fazendo festa e a longa caminhada nunca pesava.

Como todo adolescente da nossa cidade, comecei a receber cobranças sobre qual era meu time do coração. Responder que era o Londrina, não valia. Tinha que ser um time dos que passam na televisão. De preferência de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Foi em 1993, quando eu tinha 10 anos, que perguntei pra vó Mafalda qual era o time que meu pai torcia, entre aqueles da TV. O São Paulo tinha acabado de conquistar o seu primeiro título mundial, e na escola todos pareciam ser são paulinos. Eu podia “ir na onda” e aproveitar as fotos do meu aniversário de 1 ano, mas fui do contra. Meu pai não morava conosco, meu avô materno, palmeirense, falava muito mal do meu pai. Decidi então que torcer pro mesmo time “grande”, me faria tomar partido do meu pai e ser de alguma forma, mais próximo a ele. Virei assim o tradicional torcedor “Pizza”, como dizem os “tubarões de barbatana”, (torcedores que se dedicam exclusivamente ao Londrina). Torcia pro LEC, mas tinha um time de mídia pra torcer. Não tenho mais camisas do Corinthians. Meus amigos e família corintianos, lembram que eu gritava e torcia pelo Timão, e não me aceitam como um ex-corintiano. Isso existe? Sim existe! Qual o problema em mudar de time? No Brasil da cultura do “ou”, é grave isso...

Pra piorar a situação, assumi minha preferência pela bandeira alvi-celeste também em torneios entre seleções. A argentina do Maradona jogava o futebol mais belo, e aquelas cores... As cores do meu time! Virei torcedor da Argentina... Além das cores um fato precipitou essa adesão. O Brasil se chocou em 2005 com o escândalo do mensalão. Todos falavam da vergonha de viver em um país corrupto. De repente, como num passe de mágica, veio a copa do mundo em 2006, e o ônibus da seleção com a frase “veículo movido por 180 milhões de corações brasileiros” - isso me deixou revoltado. Eu não gostava daqueles jogadores selecionados. Eu não entendia como as pessoas antes revoltadas agora cantavam “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor...”. Concluí que futebol deveria ser encarado como paixão e não como patriotismo. E paixão era o sentimento ao ver a Argentina jogando aquele futebol brigado, com garra, com a torcida cantando o tempo todo... Não sei explicar, e nem me sinto obrigado a isso, só sei que me tornei um torcedor apaixonado da Seleção Argentina. Tenho camisas oficiais alvi-celestes.

Pronto. Tendo a Argentina, não posso torcer pra nenhuma outra seleção! Errado. Sou fã do Uruguai, e fico na torcida sempre (menos contra a Tina) que a celeste joga. Torço sempre para os Sul Americanos (inclusive o Brasil) quando se trata de um time europeu do outro lado.

Descobri depois que ironicamente meu padrinho que não conseguiu me fazer são paulino, era um dos raríssimos torcedores declarados da Argentina nos anos 80 e até hoje. Meu pai me contou isso quando apareci pela primeira vez com uma camisa dos Hermanos.

Quanto a minha torcida pelos clubes, na verdade eu nem mudei. Decidi ser só Londrina. Mas como amante do futebol, era estranho acompanhar o brasileirão sem tomar partido. O time da minha cidade não estava lá... Assim fui alimentando uma paixão antiga. Morei uns meses em Porto Alegre, na epoca em que meus pais se separaram. Entre o azul e o vermelho dos times daquela cidade, preferi o azul do meu tubarão. Nascia uma simpatia, que viraria torcida pelo Grêmio de Foot-ball Porto Alegrense. Li o romance que trata da história do tricolor gaúcho, escrito pelo Eduardo Bueno e me apaixonei. Assim formei minhas paixões no futebol. Todas em azul celeste.

Espero que o Londrina volte logo a sua grandeza... Somos líderes isolados do campeonato paranaense agora, e acredito no título do estadual. Quando o Londrina ocupar seu lugar no futebol brasileiro e inevitavelmente se deparar com o Imortal Tricolor de PoA (Copa do Brasil, ou brasileirão em alguns anos), ficarei contente de ver meus times em campo ao mesmo tempo, mas certamente estarei vestindo alvi-celeste... Qualquer resultado me deixará satisfeito! Mas minha inclinação maior será em favor da equipe de minha cidade natal.

Fanatismo é uma merda, e futebol nunca deve ser prioridade em uma sociedade. Ontem foi morto um torcedor depois do derby paulistsa... Mas também não concordo com os esquerdistas extremos que dizem que futebol é alienação... Tudo tem um limite.

Brasileiro, paranaense e londrinense sim. Futebol não define patriotismo e afins. Torcedor do LEC da Argentina e do Grêmio por paixão ao futebol, e em especial a estes times que levantam em comum o azul celeste como cor símbolo de suas torcidas!

Até a próxima!

Minhas armaduras de torcedor:


segunda-feira, 19 de março de 2012

Conceitos de Segunda #07

Eu em uma cena clássica da dramaturgia estou à beira do abismo segurando meus dois filhos, a Clara e o Luiz Miguel, um em cada uma de minhas mãos... Os dois estão escorregando prestes a caírem no precipício sem chances de sobrevivência... Tenho que liberar uma das mãos pra salvar ao menos um deles... Qual dos dois eu solto?

Somos sempre colocados em situações de encruzilhada, tendo que fechar uma porta pra manter outra aberta. Nossa cultura é toda construída em cima do “ou”. É isso ou aquilo... Verão ou inverno? Amargo ou doce? Verde, azul, vermelho ou rosa? Corinthians, Palmeiras, Grêmio ou Inter? São infinitas as situações onde somos moralmente obrigados a optar. A questão do time do coração parece ser a mais séria aqui no Brasil. Falarei de meus times do coração semana que vem, mas adianto um exemplo. Certa vez, meu irmão foi me acusar perante o nosso tio avô Bau, que diz que gosta mais de mim, porque não “dei mancada” com ele. Ele disse ao tio que eu traí o time do coração da família Brandão, e que agora eu torcia pro azul. O sábio tio Bau tragicamente respondeu: Mas eu torço pra esse aí também. Quando vão os dois pra final, eu comemoro antecipado, pois de qualquer jeito meu time será o campeão. Ele tem um time em cada estado, e diz torcer pra todos... Sábio tio Bau!

O Tio Bau aqui é um exemplo de resistência à cultura predominante do “ou”. Desde a era trágica dos gregos essa discussão se estende. Tudo para Parmênides tinha seu oposto negativo. Assim a noite, nada mais era que o “não-dia”. Heráclito, artauto da filosofia trágica, não via dessa maneira maniqueísta. Se para o primeiro existe a opção pelo bem (dia) “ou” pelo mau (noite), o segundo via dia “e” noite como faces diferentes de uma mesma substância. Heráclito com sua filosofia do “e” parece dialogar melhor com o tio Bau que é torcedor do Corinthians e do Botafogo e do Grêmio. Parmênides se afina ao meu irmão, onde se é Corinthians, ou Botafogo, ou Grêmio...

Outro que sempre me ensina a filosofia trágica do “e” é o meu filho Luiz Miguel. Se alguém perguntar sua cor preferida, ele dirá que é o azul, mas também o verde e o vermelho e o rosa... Por que eleger uma única cor se várias me agradam? Claro que vejo a possibilidade de haver uma cor que mais agrade aos olhos de quem quer que seja. Mas não deveria ser uma regra, uma obrigação.

O Luiz Miguel, indo comigo ao estádio, já percebeu que o Londrina é o time que temos a chance de ver mais de perto. Mas ele gosta do Palmeiras e ganhou uma camisa do avô. Ele tem camisas azuis do LEC e do Grêmio, e agora pediu ao tio dele uma camisa do Corinthians. Garoto experto! Se alguém quiser dar mais uma camisa de qualquer time que seja, pode trazer! Não vou dar um fim nela... Ele adora futebol, e camisas de time. Não vou dizer a ele o que fazer. Quem sabe ele não terá o coração como o do Tio Bau em relação ao futebol.

O Luiz Miguel parece ser assim com tudo. Quando perguntado se ele gostava das férias, em dezembro, ele disse que adorava as férias, então perguntei se era melhor que ir à aula, e ele respondeu que adora ir pra escola. Ele é assim... trágico... Férias “ou” escola? Não: Férias e escola...

Voltando ao drama do primeiro parágrafo: Luiz Miguel “ou” Clara? Aproveito do tamanho e menor peso da Clara, e com a força do braço que a segurava, arremesso ela para o alto e pra traz, longe do precipício (depois cuidamos de eventuais ferimentos – nenéns são ultra resistentes), com as duas mãos livres agarro o pulso do Luiz Miguel e o puxo pra cima... Luiz Miguel “e” a Clara...

Entre o clima frio e o clima quente prefiro o ultimo. Não odeio o inverno por isso. O inverno tem seu charme de extremidade. Mas calor demais também rouba a disposição física, por isso me dou melhor com as estações intermediárias. O outono leva pequena desvantagem no meu coração, pois se encaminha para os dias mais frios. Na primavera, as flores, os dias mais longos e cada vez mais quentes, me inspiram... Essa minha opinião embora indique uma inclinação, não está engessada nos ditames do “ou”. Meu ultimo inverno, por acaso, foi muito melhor vivido que o verão turbulento que se despede hoje. Mas até a turbulência tem seu charme!

As “aguas de março” caíram semana passada, e começaram a ensaiar a despedida do verão... Hoje, ultimo dia do verão, não choveu pra dar mais poesia ao momento, mas nem precisa... Mesmo sem a chuva deixo abaixo as “aguas de março” na voz da Elis Regina, que termina o vídeo com uma deliciosa risada, depois de cantar “preda”... Assim não as aguas, mas o sorriso da Elis, que embora tenha se extinguido antes de eu nascer, ficou gravado, e agora chega solto, espontâneo e eterno, “fechando o verão. Promessa de vida no teu coração...”.

Volto aos conceitos no Outono... Até Segunda!!!


quarta-feira, 14 de março de 2012

Se Deus Tivesse Falado

Hoje acordei pensando em deus...
Não sou niilista eu..
Tenho minha fé.
Às vezes só no pé..
Mas DEUS falou a mim...
Então, falei com dEUs:

segunda-feira, 12 de março de 2012

Conceitos de Segunda #06

Na ultima sexta-feira, a Ligia teve a feliz iniciativa de criar o blog "Sempre haveremos de precisar uns dos outros...", destinado a relatar e informar sobre a luta pela vida do nosso filho Luiz Miguel, que precisa de transplante de Medula Óssea.

Posso dizer que os “ritos de passagem” e as mudanças nunca me assustaram tanto. A mudança parece ser a única coisa constante ao nosso redor. É claro que existem mudanças lentas e previsíveis como a da metamorfose da lagarta em borboleta, e as mudanças bruscas e assustadoras, como o tsunami que ocorreu no Japão há um ano. Não seria exagero dizer que a notícia da doença genética rara do Luiz Miguel, chegou como um tsunami em minha vida.

Quando a gente está em fase de formação intelectual, no nosso mundo moderno, é comum a pressão por uma tomada de posição em relação a tudo na vida: “E aí, tu é da esquerda, ou da direita?”. Pra não ficar de fora, me apressei a tomar partido da esquerda, escolher um time de futebol, confirmar-me na religião que meus pais escolheram, definir o verde como minha cor preferida, exercitar meu patriotismo em copas do mundo... Pronto. Agora eu já podia ser rotulado e definido. Mais um produto da modernidade racionalista estava formado. Mudar qualquer uma daquelas escolhas me tornaria incoerente com o que eu era. Era...

Li em “O Mundo de Sofia”, aos 18 anos, que pra Heráclito “tudo flui... não se entra duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez, nem o rio e nem você serão os mesmos...”. Isso mexeu comigo. Foi meu primeiro passo em direção ao ponto de vista trágico do mundo.

A partir daí, percebi que o Raul Seixas não estava sendo um simples irresponsável, descompromissado com o mundo quando dizia: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...”. Aceitar que tudo muda ajuda a não se fechar dentro de uma prisão mental adornado pela “virtude” de uma pretensa coerência consigo próprio, de onde surge sempre em nossa testa um rótulo impresso. Mas respeito quem goste e prefira a comodidade dos rótulos fixos. O primeiro depoimento que recebi no Orkut, em 2006, de alguém que me conhecia muito bem, afirmava que eu era a “metamorfose ambulante” em pessoa. Legal isso. Posso dizer que me mantenho conservador nesse aspecto. Já que é pra ser algo que não mude em hipótese alguma, que seja isso. Minha constância é a mudança... “...Hoje eu sei, só a mudança é permanente. De repente tudo está no seu lugar...” (Gessinger)

Mas mudar uma opinião não é assim tão fácil. Pensar tragicamente o mundo me tornou bem mais tolerante com pontos de vista antagônicos aos meus. Alguns dogmas modernos, entretanto, permaneceram inalteráveis aqui. No tsunami da “Anemia de Fanconi” do Luiz Miguel, perdeu-se toda a minha afinidade com o evolucionismo Darwinista. Eu achava incrível que a natureza selecionasse os mais fortes para o privilégio da sobrevivência. Chagava ás vezes a postular que deveríamos abolir os remédios e tratamentos clínicos, pra termos seres humanos cada vez mais fortes. Se eu pudesse aplicar esse ponto de vista, não teria em minha vida hoje, nem a Clara, e nem o Luiz Miguel. A Clara, sem intervenção cirúrgica ao nascer, não viveria mais que três dias. O Luiz Miguel, sem a Unidade de Terapia Intensiva, teria falecido aos cinco anos de idade no dia do meu ultimo aniversário em dezembro. Pela lei da evolução, o Luiz Miguel deveria ter uma vida muito breve. Aliás, a situação dele hoje, é a de uma criança que caminha para uma morte certa antes de chegar à adolescência. É claro que isso se reverterá com o transplante...

O "tsunami" varreu de minha mente a afinidade com Charles Darwin. Às vezes a gente só muda de ideia quando surge uma questão prática que conteste aquela teoria, tornando-a insustentável. O Luiz Miguel pode até não estar entre os mais fortes fisicamente, mas possui outras forças. Ele é portador de uma inteligência e criatividade incríveis. Ele já conquistou, e se deixou conquistar, com seu jeito tímido/tagarela, muitas pessoas. E não tem aquela inclinação óbvia de gostar de quem um adulto o manda gostar. Ele é super sincero, e faz questão de mostrar seu descontentamento quando é obrigado a estar com alguém por quem não tem afinidade. Se ele estiver ocupado com alguma das pessoas especiais na vida dele, ele não tem o menor problema em ignorar qualquer pessoa que tente conversar com ele naquele momento.

Claro que agora ele possui amiguinhos da idade dele, mas por ser o primeiro neném no nosso circulo de amizades próximas, o Luiz Miguel aprendeu a se divertir por muito tempo com crianças crescidas. Foi muito legal observar estes amigos fazendo um movimento silencioso e natural (não combinado) no facebook, colocando fotos suas com o Luiz Miguel, como suas fotos de perfil. Aquela sinalização de cumplicidade iniciou-se quando ele estava na UTI, e permanece até hoje. Tudo aquilo trazia, e traz uma mensagem muito clara: “Estamos juntos nessa...”.

Claro que muitas outras pessoas vêm nos apoiando de diversas maneiras, e estão sempre presentes na vida do nosso pequeno. Mas quero destacar aqui, os que formaram (e formam) aquele belo mosaico de sorrisos acompanhados do rostinho cênico do Luiz Miguel na rede social. Pessoas onde ele encontrou confiança, proteção, amor e carinho semelhantes ao que encontra aqui em casa.

Até semana que vem... Onde quer que eu esteja...

Com a Ligia e comigo nos cantos inferior esquerdo e superior direito, a Elô (faltou o Thiago na foto), o Jú, a tia Milla, a Dinda, o Mateus, a Sury e a Jú:


segunda-feira, 5 de março de 2012

Conceitos de Segunda #05

“Pela janela vejo fumaça, vejo pessoas. Na rua os carros, no céu o sol e a chuva. O telefone tocou, Na mente fantasia... Você me ligou naquela tarde vazia e me valeu o dia... Na mente fantasia... Cantando a melodia...”

. .Na repetição dessas 26 palavras (fora os artigos), dentro de uma bela melodia, temos um dos maiores clássicos do Ira (lendária e extinta banda do rock nacional). Quantas palavras, ou notas são necessárias pra transmitir uma ideia, ou dar vida a um poema?

. .Lembro-me que quando fazia cursinho pré-vestibular, a professora Eliane, de redação, pegava no meu pé pra que eu conseguisse expor todos os meus argumentos nas 25 linhas limites para o texto, de acordo com as normas do vestibular da UEL na época. Era estranho ver que a maioria, não se preocupava com o limite de 25, mas com o mínimo de 23. Com muito custo consegui, e fiz uma redação no vestibular com nota 92 (valor percentual da nota). Claro que eu já previa o sucesso na redação. Digamos que as palavras nunca me foram problema, a não ser no quesito caligrafia.

Lembro (mais no fundo do baú da memória) que minha mãe esperou eu completar 6 anos em dezembro e foi na escola em Janeiro pra me matricular no “Pré”. Lá disseram pra ela, que eu deveria ser matriculado no primeiro ano, pois faria 7 anos naquele ano (mesmo sendo 11 meses depois). Entre tantas dificuldades em pertencer a uma turma onde todos já eram alfabetizados, menos eu, consegui antes das férias de inverno vencer um concurso de redação promovido pela Tia Mônica, minha alfabetizadora. Nunca mais tive notícias dela, e talvez ela nunca saberá que as palavras dela, depois de me anunciar como o dono da melhor redação da turminha, ficaram fixadas em minha memória: “Você é muito criativo, e escreve muito bem... Quero muito falar com seus pais sobre isso... escreva mais coisas pra tia ler...”.

Pouco tempo depois disso, fui de mudança com minha família pra Porto Alegre, e fui transferido pra escola de lá. Era período de férias. Nem pude começar a estudar, pois as vésperas do início das aulas, um desentendimento marcou a separação dos meus pais, e minha mãe nos trouxe (eu e meu irmão) de volta pra Londrina. Naquele ano, não estudei mais... Fui pra outra escola e não soube mais da Tia Mônica.

Sinceramente, acho que minha professora primária foi tão convincente, ao elogiar meu talento com as palavras, que acabei acreditando nisso. Assim, fazer uma graduação em História, onde quase todas as avaliações eram escritas, me garantiu certa vantagem. Até mesmo quando eu não tinha feito uma boa leitura dos textos, conseguia escrever um bom texto que desmentia a pouca atenção aquele assunto.

Não vou me alongar hoje. Falei a alguns amigos que me frustrava por não conseguir ser mais objetivo ao escrever conceitos... O Mateus me confessou uma frustração na contramão desta no seu “Opinião de Quinta”. Teve uma pessoa que dormiu lendo meu ultimo conceito de segunda, sem chegar ao final... hahahahaha!

Fica aqui minha homenagem a Tia Mônica, onde quer que ela esteja. Deixo minha admiração a textos mais curtos e objetivos. Sem desmerecer os textos longos... Também eu já escrevi uma canção “curta”...

Por hoje chega de conceitos, vou tentar escrever uma letra destinada a virar canção, fruto de uma velha/nova parceria... Claro que a música é prioridade numa Trágica Mente! Depois vem a poesia (carente de melodias). Por ultimo o conceito (carente de quase tudo). Mesmo assim, gosto dos conceitos: Refletem certos estados desérticos de nossas vidas, e podem servir de base pra magníficos poemas, e sublimes canções...

Antes de me despedir, deixo abaixo o mais curto poema gravado pelo Teatro Mágico. Em minha opinião o melhor... Não por ser o mais curto... Mas entre outros que acho incríveis, e alguns que não me agradaram tanto, este foi o que mais me encantou!

Um salve aos passantes, e aos que perdem minutos semanais por aqui! O blog anda movimentado! Fiquem a vontade pra ficar, comentar, passar... Valeu pela atenção!!!

“...o poeta riu de todos, e por alguns minutos, foi feliz.”