terça-feira, 29 de agosto de 2017

Amor na TV

Eu vou mandar a nossa história de amor pra Globo,
pra ver se vira novela, com cenas no Vídeo Show
Vou inscrever o nosso caso também no Sílvio,
mostrar pro seu auditório, que eu topo tudo por amor.
Vou telefonar, testemunhar nosso amor na Record
pra ver se vira milagre, na pregação do pastor.
Eu vou mandar os nossos lances também pra Band
pra ver se rola outra chance, Terceiro Tempo de amor.

A nossa história passando
Dentro da tua TV
Se preferires ficar sozinha
Mando tudo pra CNT!

Eu vou mandar a nossa história de amor pra Globo,
pra ver se rola reprise, comedia no Tá no ar
Vou inscrever o nosso caso também no Sílvio,
pra no baú da alegria, os nossos beijos guardar
Vou telefonar, testemunhar nosso amor na Record
pra exorcizar a distância que insiste em nos separar
Eu vou mandar nossos sabores também pra Band
pra ver se vira receita, um Master Cheff de amar.

A nossa história passando
Dentro da tua TV
Se preferires ficar sozinha
Mando tudo pra Rede TV!


terça-feira, 15 de agosto de 2017

Dias secos e olhos úmidos

É tanto pó que me sinto Arturo Bandini, o autor de "O Cachorrinho Riu".
Logo eu, autor de muitas coisas e de coisa alguma...
Tanto pó na Pequena Londres deste inverno seco,
Que parece estar ao alcance das mãos, desenhando meus rastros!
"Pergunte ao pó por onde andei".
Talvez o pó dos caminhos por onde deixei pegadas
Ou até, mais ainda, meus rastros de pneu de bicicleta,
Falem mais de mim que estas poeirentas palavras...
O céu anuncia aos olhos o fim da estiagem,
Os olhos que, umedecidos, travaram dura guerra contra a secura dos dias.
O cheiro de chuva que me chega às narinas anuncia a água do céu.
As narinas que se defenderam do pó com coriza,
que se escorria nojenta em meu bigode e barba.
O vento que sopra no rosto, agora sem barba,
Traz o toque fresco a uma pele que se escondeu como pôde da secura.
O deserto invernal finalmente vai-se embora...
Os ouvidos escutam tal qual um rock progressivo o som de um trovão!
Bendito deserto freezer!
Que me faz cultuar agora a chuva como um milagre!
Bendita chuva que chega, neste baixo inverno,
Para começar a preparar os caminhos floridos da primavera!
Não me sinto mais o trágico escritor da poeirenta Los Angeles dos anos 1930!
Sou agora eu mesmo!
Ainda que não saiba ao certo o que ou quem sou eu agora!
Será que importa mesmo saber?
Não sei...
Só sei que a chuva que sinto caindo devagar em minha pele
Muda a estação de meus sentidos!
Já não é mais tempo de me desaprender!
Já não é mais tempo de me deixar de fora, nas margens de mim.
É tempo de me apreender!
É tempo de ser Jeferson Sabran, autor da obra mais legal
Só por ser legal pra mim, que a construo e acompanho como primeiro leitor...
Sou agora um trágico autor de mim mesmo.
Autor sem rastros de pó, mas cheio de respingos d'água,
Que rapidamente se dissolvem e se devolvem ao cosmos
Pela força da energia dos raios de sol que enchem de vida
O cenário que se enxerga daqui da linha tropical do Sul do Mundo.
Mas não agora!
Pois agora chove!
Agora não há mais rastros de pó,
Apenas água que escorre e flui
Assim como eu, que já não sou mais o autor do primeiro verso.
E que não serei mais o autor deste poema sem rima, assim que escrever o ponto final.



terça-feira, 8 de agosto de 2017

Luar de oito

Oito do oito
E eu afoito
De pé o infinito
Entalado grito
Viva a lembrança
E a alma dança
Na lua cheia
Olhar vagueia
E o oito ainda é
O infinito em pé.