(a
Alexandre Casonatto)
“Profissional
de Saúde”
Para mim tem
rosto, nome
E longas linhas
de história
Ao meu lado
Dia desses ele
abriu uma janela
Por onde
enxerguei a linha
A tão falada
“linha-de-frente”
Me sobraram
então silêncios
Amplificados
pela imagem
A imagem da
linha...
Linha funda no
rosto
E a tentação
de sacralizar,
Dotar de
heroísmo,
Agradecer,
aplaudir...
Mas isso é
tão irrisório
Quando aquela
linha funda
Traduz pelos
olhos: “Medo”.
Humanizar a
linha
Tirar dali a
imagem de peão
Em tabuleiro de
xadrez.
Não vou
romantizar!
Ali há um pai,
Um filho
Um irmão,
Um
aniversariante...
Que tem medo.
Não tem
superpoderes
E sente o peso.
Do traje e da
circunstância.
Não posso
sacralizá-lo.
Divinizar
aquela linha
Seria banalizar
a humanidade.
Quisera agora
apenas ser poema
Ou um único
verso de alívio.
Uma inspiração
compassiva,
Que, tendo
também linhas profundas,
Sofra junto...
Me atenho
àquele olhar exausto
Ainda cheio de
vida e vontade
Que em meio à
tanta falta de ar,
Em meio a
tantas mortes ao redor,
Por
intermináveis dias de privação,
Resiste!
A este olhar
Este poema
torto
Se dirige.
A este olhar de
vida
Que hoje, mais
uma vez
Completa e
reinicia
Uma nova
jornada
Ao redor do
sol.