(a Daniel Vitor)
Nunca
escrevi um verso essencial
Pois
essa minha natureza de poeta
É
inútil, a nada serve e é maioral
Sem
servir, há liberdade, nunca meta
Interromper
um soneto rimado na primeira estrofe
Já́
não é novidade em meus poemas experimentais
Deixar
o verso livre e prosear, tal qual Caeiro, é sublime
E
é inútil, insisto, e não essencial...
Mas
por que escrever um poema que não serve para nada?
Serve
em si mesmo, por isso é soberano e livre
Traduz
a poesia das horas que nunca me abandona,
Me
devolve ao vômito de versos de que
abdiquei para...
Por
que mesmo abdiquei de meus poemas?
Não
sei...
Para
que dedicar os instantes finais de um domingo,
Em
meio a uma pandemia, para traduzir-me em poema?
Estou
aqui tecendo esses versos soltos por causa de um amigo
Que
me lembrou que sou poeta, como um enfermo dos olhos
Que
teima em ver o mundo/poesia sabendo-se inútil e não essencial,
Tendo
nessas premissas a justificativa de todo o seu universo
Este
poema inútil e não essencial se encerra
Tornando
à rima como volta a primavera
Olhando
versos meus em outra terra
Novos
agora após longa espera.
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