terça-feira, 2 de abril de 2013

Paixão e Linguagem das Línguas


Passei toda a santa semana pensando em escrever sobre os dias especiais que vieram em sequência... Perguntado sobre minha paixão, foi inevitável não lembrar da paixão de Jesus e as inúmeras vezes que me pegaram pra Cristo:


Fazendo uma leitura trágica deste evento da história de Cristo, o prazer de ensinar, conviver e por fim “salvar” os homens, passa por um caminho de intensa dor e sofrimento. A morte acaba vencendo... Mas é superada pela vida que, no fim, se sobrepõe à morte na ressurreição!
Quando ouço canções da música brasileira que tratam de amor, de paixão, de desejo (sobretudo dos pretensos universitários do sertão), me deparo com uma pobreza gigantesca no uso de palavras outrora responsáveis por dar signo aos mais nobres anseios e sentimentos de indivíduos privilegiados. Os usos comuns acabam desgastando e limitando palavras ditas de uma maneira vaga e idiota. Caetano Veloso pode dizer o que eu gostaria de dizer a cada um destes pseudopoetas que são idolatrados e citados incansavelmente pela massa estúpida:


Pensando tragicamente a paixão, e, sobretudo, o amor, que sobrevive como produto da mesma, acredito que poucos privilegiados tem acesso a tais sentimentos em suas características mais completas. Sentimentos que passam por intensos estágios de dor e prazer. Sensações que não se anulam, mas se completam!
Nem o aniversário de meus dois filhos (2 e 7 anos) no domingo da ressurreição, conseguiu me tirar do estágio de dor e sofrimento aclimatados na sexta-feira! Há tempos me encontro com o peito em ferida aberta esperando a cicatrização que custa a acontecer...
Chego aqui, nesta altura do texto frustrado... Ando tendo medo das palavras que uso... Queria escrever as melhores palavras da melhor maneira, no melhor dos meus poemas... Hoje não!
Ficarei mesmo nesta prosa conceitual... 
Hoje meu pai completa 51 anos! Entre o aniversário dos meus filhos e o do meu pai, tem o dia da mentira! Mas isso foi ontem! Não é mentira quando digo hoje, dia 02/04, que eu viveria os 10 últimos anos eternamente! Se eu tivesse esta opção de ficar imortalizado numa incessante repetição dos últimos anos, eu diria que sim! Mesmo sabendo de toda a dor e sofrimento que me vieram nos últimos dois anos, os outros oito compensam com inúmeros momentos de intensa alegria e prazer! Claro que vivi algumas dores nos outros 8 anos, mas aprendi muito com elas! Desta que ainda carrego, ainda não extraí benefício! Quem sabe em breve...
Muitos sentimentos, sonhos e empolgações não duraram... Sucumbiram diante das tragédias cotidianas.

“Um mundo estranho
queimava sonhos ao nosso redor.
Não podia durar pra sempre!
Não podia ser diferente
Não poderia ter sido melhor...”
(Até mais - Humberto Gessinger)

Mas, como eu costumava dizer, todo fim encerra em si um novo início... Ainda não sei qual é! Estou em plana fase de transição! Mas já soltei meu último [ou primeiro] grito! José de Arimateia logo vai me tirar da cruz e fico na espreita pra saber com qual sol nascente irei ressuscitar pra mim mesmo e pros meus sonhos!
Embora eu tenha falado só de mim, devo admitir que não vivo sozinho toda a minha solidão! Raras pessoas aceitariam viver só com um cara sozinho! Raras pessoas são capazes de admitir que a vida é uma experiência individual! Ninguém completa ninguém! Somos seres completos, sozinhos por essência! Mas às vezes é bom sair em busca de companhia! Gente  disposta a partilhar em gestos e palavras a tentativa de traduzir seus sentimentos! 
Mas só existe uma linguagem capaz de traduzir de maneira direta sentimentos nobres: A linguagem da própria língua! Ela interrompe as palavras em busca de outra língua! É no encontro de línguas em um beijo que os mais nobres sentimentos podem ser traduzidos! Mas este encontro de línguas, pra conseguir traduzir sentimentos nobres, deve estar fundamentado em uma grande experiência de amizade e confiança! Foi assim...

Ela estava sentada em um local pouco confortável! O clima fresquinho era propicio a um contato maior entre nossos corpos! Assim, pra diminuir o desconforto do local ela deitou no meu colo... Os olhos fechados tentando simular certa indiferença e a boca entreaberta aumentavam o encanto do momento! O sonho de outrora estava prestes a se materializar. A mesma garota que invadiu meu sono e me beijou numa cena que não me saia mais da memória, agora estava ali! Desta vez acho que eu não estava dormindo! Mas ela de olhos fechados esperava que meus lábios finalmente tocassem os dela! O coração acelerado ameaçava escapar pela boca... Precisava ser rápido, afinal de contas, ela, de olhos fechados, poderia acabar dormindo de verdade se eu relutasse em iniciar o diálogo de línguas que nós dois desejávamos...

Acho que eu já descrevi esta cena outra vez aqui o blog... Nem vou conferir... Acho até que interrompi a narrativa no mesmo momento... Pode ser por incapacidade de narrar o beijo, ou pode ser porque não consigo mesmo traduzir em palavras o tamanho daquela  sensação de alegria... Não esqueço este beijo! Parece que ele sempre retorna, de uma forma ou de outra... Por isso não me incomodo se estou repetindo a narrativa... 
...eterno retorno... 
Parece que estou sempre a espera do primeiro beijo...


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