Passei toda
a santa semana pensando em escrever sobre os dias especiais que vieram em
sequência... Perguntado sobre minha paixão, foi inevitável não lembrar da
paixão de Jesus e as inúmeras vezes que me pegaram pra Cristo:
Fazendo uma
leitura trágica deste evento da história de Cristo, o prazer de ensinar,
conviver e por fim “salvar” os homens, passa por um caminho de intensa dor e
sofrimento. A morte acaba vencendo... Mas é superada pela vida que, no fim, se
sobrepõe à morte na ressurreição!
Quando ouço
canções da música brasileira que tratam de amor, de paixão, de desejo
(sobretudo dos pretensos universitários do sertão), me deparo com uma pobreza
gigantesca no uso de palavras outrora responsáveis por dar signo aos mais
nobres anseios e sentimentos de indivíduos privilegiados. Os usos comuns acabam
desgastando e limitando palavras ditas de uma maneira vaga e idiota. Caetano
Veloso pode dizer o que eu gostaria de dizer a cada um destes pseudopoetas que são idolatrados e citados incansavelmente
pela massa estúpida:
Pensando tragicamente
a paixão, e, sobretudo, o amor, que sobrevive como produto da mesma, acredito
que poucos privilegiados tem acesso a tais sentimentos em suas características
mais completas. Sentimentos que passam por intensos estágios de dor e prazer. Sensações
que não se anulam, mas se completam!
Nem o
aniversário de meus dois filhos (2 e 7 anos) no domingo da ressurreição, conseguiu me
tirar do estágio de dor e sofrimento aclimatados na sexta-feira! Há tempos me
encontro com o peito em ferida aberta esperando a cicatrização que custa a
acontecer...
Chego aqui,
nesta altura do texto frustrado... Ando tendo medo das palavras que uso... Queria
escrever as melhores palavras da melhor maneira, no melhor dos meus poemas...
Hoje não!
Ficarei mesmo
nesta prosa conceitual...
Hoje meu pai completa 51 anos! Entre o aniversário
dos meus filhos e o do meu pai, tem o dia da mentira! Mas isso foi ontem! Não é
mentira quando digo hoje, dia 02/04, que eu viveria os 10 últimos anos eternamente! Se eu tivesse esta
opção de ficar imortalizado numa incessante repetição dos últimos anos, eu
diria que sim! Mesmo sabendo de toda a dor e sofrimento que me vieram nos
últimos dois anos, os outros oito compensam com inúmeros momentos de intensa
alegria e prazer! Claro que vivi algumas dores nos outros 8 anos, mas aprendi muito com elas! Desta que
ainda carrego, ainda não extraí benefício! Quem sabe em breve...
Muitos
sentimentos, sonhos e empolgações não duraram... Sucumbiram diante das
tragédias cotidianas.
“Um mundo estranho
queimava sonhos ao nosso
redor.
Não podia durar pra
sempre!
Não podia ser diferente
Não poderia ter sido
melhor...”
(Até mais - Humberto
Gessinger)
Mas, como eu
costumava dizer, todo fim encerra em si um novo início... Ainda não sei qual é!
Estou em plana fase de transição! Mas já soltei meu último [ou primeiro] grito!
José de Arimateia logo vai me tirar da cruz e fico na espreita pra saber com
qual sol nascente irei ressuscitar pra mim mesmo e pros meus sonhos!
Embora eu tenha
falado só de mim, devo admitir que não vivo sozinho toda a minha solidão! Raras
pessoas aceitariam viver só com um cara sozinho! Raras pessoas são capazes de
admitir que a vida é uma experiência individual! Ninguém completa ninguém! Somos
seres completos, sozinhos por essência! Mas às vezes é bom sair em busca de
companhia! Gente disposta a partilhar em gestos e palavras a tentativa de traduzir
seus sentimentos!
Mas só existe uma linguagem capaz de traduzir de maneira direta sentimentos
nobres: A linguagem da própria língua! Ela interrompe as palavras em busca de
outra língua! É no encontro de línguas em um beijo que os mais nobres sentimentos
podem ser traduzidos! Mas este encontro de línguas, pra conseguir traduzir
sentimentos nobres, deve estar fundamentado em uma grande experiência de
amizade e confiança! Foi assim...
Ela estava
sentada em um local pouco confortável! O clima fresquinho era propicio a um
contato maior entre nossos corpos! Assim, pra diminuir o desconforto do local
ela deitou no meu colo... Os olhos fechados tentando simular certa indiferença
e a boca entreaberta aumentavam o encanto do momento! O sonho de outrora estava
prestes a se materializar. A mesma garota que invadiu meu sono e me beijou numa
cena que não me saia mais da memória, agora estava ali! Desta vez acho que eu
não estava dormindo! Mas ela de olhos fechados esperava que meus lábios
finalmente tocassem os dela! O coração acelerado ameaçava escapar pela boca...
Precisava ser rápido, afinal de contas, ela, de olhos fechados, poderia acabar
dormindo de verdade se eu relutasse em iniciar o diálogo de línguas que nós dois
desejávamos...
Acho que eu
já descrevi esta cena outra vez aqui o blog... Nem vou conferir... Acho até que
interrompi a narrativa no mesmo momento... Pode ser por incapacidade de narrar
o beijo, ou pode ser porque não consigo mesmo traduzir em palavras o tamanho
daquela sensação de alegria... Não esqueço este beijo! Parece que ele sempre retorna, de
uma forma ou de outra... Por isso não me incomodo se estou repetindo a
narrativa...
...eterno retorno...
Parece que estou sempre a espera do primeiro
beijo...
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