domingo, 22 de abril de 2018

Tenho Uma Estrela


Tenho uma estrela!
Todos os dias gosto de abrir a porta e encara-la de frente. Mas tem que ser assim, no momento em que ela acorda.
É o suficiente.
Depois disso o brilho dela é tão intenso, que continuo em contato com ela, mas aí é por tato, paladar, olfato, audição...
Quem nunca ouviu o vento solar?
Quem nunca provou o sabor de sol em uma maçã cultivava e amadurecida por ele?
Quem nunca respirou do ar que se mantém gasoso por conta da energia que vem dele?
Tem cheiro de sol o ar.
Tem gosto de sol a água...
Mas esta é a minha estrela.
Ela garante a vida na minha Terra.
É verdade que inventaram papéis e cercas pra que as terras pareçam ser de alguns poucos bichos semelhantes à nós.
Mas pergunte às formigas, aos ratos, aos mosquitos se eles notam as fronteiras de propriedade.
Questione os pássaros que migram se notam as fronteiras nacionais.
Você não vai entendê-los - pois sua linguagem é de escravidão. Você é tão gado quanto bois, ovelhas, cavalos...
Crê em fronteiras abstratas e bandeiras que te definam pelas cores de uma nobreza que nunca sentiste...
E eu?
Eu não - eu tenho uma estrela - e isso me basta.
Sua convicção de gado quererá me colocar em um desafio simples:
"Se és tão poderoso, vai lá naquele campo verde que está além daqueles seguranças armados".
Sabendo que tu és apenas gado, nem te vou ouvir - o som do vento é bem mais interessante.
Se porventura insistires em seus mitos e se aproximar aos berros dizendo que eu deva ir neste ou naquele lugar, ou ter esta ou aquela invenção humana pra ser feliz...
Com muita calma te farei apenas um pedido - que saia da frente do meu sol!

* Inspirado em anedota do filósofo grego Diógenes de Sinope e publicado originalmente no Facebook em 22/04/2016.



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