Espaço destinado ao "Sim"... Ao "devir", ao riso e a entrega total ao tempo... Venha a dor, venha o prazer, venha a vida em sua plenitude... Tudo que é podre e morto, não será bem-vindo. Afastem-se, pois é só para vivos, só para loucos...
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Conceitos de Segunda #13
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Conceitos de Segunda #12
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Conceitos de Segunda #11
Entre todas as ações estúpidas que praticamos a sombra de nossa “cultura”, nada me parece mais ridículo do que o consumismo. Campanhas publicitárias vivem buscando um meio de fazer com que creiamos ser necessário algo inútil. “mira a laiser, miragem de consumo, latas e litros de paz teleguiada” (Humberto Gessinger).
No caso das datas comemorativas nem é necessário o apelo. Como pode um chocolate em formato oval, oco por dentro, com o mesmo peso de uma barra de chocolates (do mesmo chocolate) custar 500% a mais? Ah, mas o ovo é um dos símbolos da vida... bla, bla, bla... Vida bizarra essa: Ovos de chocolate chocados por um mamífero... Ah, o coelho simboliza fertilidade... bla... bla... bla... As pessoas estão “cagando” pra essa simbologia. O que importa a todos é que é assim que funciona! Páscoa é momento de pagar caro por um monte de papel com um pouco de chocolate dentro, e às vezes um brinquedinho pras crianças. Quem me conhece, sabe que meu pai trabalha com produção de chocolates em Bauru, e que com ele e sua esposa aprendi a produzir também trufas e ovos de páscoa artesanais. Não quero parecer hipócrita. Nas pascoas anteriores, tirei vantagem dessa mentalidade (embora sem os preços abusivos do mercado), e se preciso fosse tiraria novamente. Mas minha opinião pessoal permanece. Acho tudo isso ridículo.
Trabalhar num supermercado na adolescência, e ter acesso aos preços de custo, e de venda de todas as mercadorias, me fizeram aprender muita coisa. Existem coisas, como bebidas alcoólicas, que possuem muitos impostos. Sob o pretexto de desestimular o vício, o governo enche os bolsos em cima dos cachaceiros. Quem paga 20 reais em uma garrafa de vodca, leva pra casa um produto que custou cerca de 4 reais. Esse valor já tem embutido o lucro do fabricante, que deve ter gastado uns 2 reais pra produzir a bebida e engarrafa-la. Até entendo um pouco esse argumento dos impostos nas bebidas. Mas e nos instrumentos musicais? Querem difundir cultura pelo país, mas só os que foram educados pela erudição da “bosta nova” podem tocar violão?
Putz... já viajei na onda dos impostos... Deixa isso pra lá. Ontem ganhei um ovo de páscoa e uma colomba (panetone inventado em outro formato) de minha mãe. Ele trabalha em uma das “Lojas Americanas”, e pagou na colomba um terço do valor que ela possuía na semana anterior, e um real no ovo que antes custava 15. Liquidação? Valor abaixo do custo? Acho que não! Quando algo estava pra vencer onde eu trabalhava, nós colocávamos no preço de custo, que era sempre quase (ou mais que) a metade do valor habitual. As pessoas compravam rapidinho e sem pensar muito. Provavelmente é depois da data festiva que os Panetones, Ovos de pascoa e afins assumem seu preço justo. Eles nunca perdem... O ovo vendido a 1 real, provavelmente foi comprado por este preço (ou até menos) pela loja...
Minha mãe, quase sempre sem grana, me ensinou, às vezes, a esperar a páscoa passar pra que eu pudesse ganhar meu Laka de cada ano. Se sobrassem ovos quebrados, ficavam ainda mais baratos e eu nem ligava... Assim eu comia mais chocolates. Esse ano fui na loja vê-la, antes da páscoa, e ela me perguntou qual ovo eu queria ganhar. Lembrei que uma vez presenteei alguém com 10 barras de chocolate (1kg), e escrevi no cartão que minha amizade não era oca por dentro, e nem feita de aparências (papéis enfeitados) por fora... Era simples, porém maciça, plural (vários tipos de chocolate) e bem mais duradoura.
Assim, após essa lembrança, apontei pra ela o ovo que misturava os meus preferidos: Branco e meio-amargo. Mas disse a ela que com a grana que ela gastaria no ovo, ela poderia me comprar várias barras. Assim ela fez... Uma cestinha com as barras que eu queria e mais alguns bombons.
Não levo minha opinião às ultimas consequências, de modo a deixar o Luiz Miguel (e futuramente a Clara) com vontade das coisas que todas as outras crianças ganham. Ele ganhou seus ovos, e imaginou o coelhinho, que até carta deixou pra ele esse ano com as tradicionais pegadas azuis. Ele vive a magia do momento... Nem precisa de muito. O chocolate (um deles, azul e branco, que eu mesmo fiz), ele nem comeu. Mas o sorriso se desenhou largo e bonito. Não quero formata-lo com a minha maneira de ver as coisas. Só quero que ele entenda meus valores, pra poder criar os dele.
Aqui em casa já é uma tradição comer os meus panetones preferidos em janeiro, quando eles deixam de custar 15 pra custar 5 reais. Tradição também é ver o Luiz Miguel, que não gosta de panetone, sorrir ao ver a caixa que logo se transformará em um capacete de soldado.
Segunda-feira que vem vamos pra Curitiba pra que o Luiz Miguel faça a primeira consulta no Hospital das Clinicas da UFPR, onde ele fará o tratamento pra Anemia de Fanconi. Se tudo der certo, deixo o próximo texto nas primeiras horas da próxima segunda...
Um beijo do soldadinho do panetone:
sexta-feira, 13 de abril de 2012
A Espera do Primeiro Beijo (Versão Original)
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Conceitos de Segunda #10
Amor...
Palavra que apesar de muito “gasta”, (sobretudo pela musica de massa que é consumida no Brasil), não deixa de ter seu valor incomensurável como conceito que melhor exprime o sentimento que une seres humanos, conferindo a estes alegrias, forças e sentido para viver e “amar” a sua condição de vivente.
Muito se fala na “semana santa” a respeito do amor incondicional de Jesus pelos seus. Um amor capaz de morrer e até superar a morte em favor dos homens. O cristianismo apropriou-se do conceito grego do amor “ágape” para definir o amor de Cristo.
Não pretendo iniciar uma discussão teológica ou etimológica aqui, mas ouvir tanto nessa semana sobre o amor incondicional de Jesus, me fez pensar também nos outros dois conceitos gregos para categorizar o amor: Eros e Philos.
Grosso modo podemos dizer (sem platonismos) que o Amor Eros está relacionado a atração que estimula a aproximação irresistível de duas pessoas apaixonadas uma pela outra. Eros é a energia química que despe os corpos numa entrega mutua, numa união empírica incontestável. Platão tentou conceituar e “redimir” Eros, retirando deste a sensualidade. Se liga seu Platão, somos todos (ou quase, pois hoje há inseminações artificiais) filhos de Eros. Entramos na corrida pela vida com milhões de outros espermatozoides após uma junção humana de inspiração “Erótica”.
Depois de Platão, veio o cristianismo (platonismo para o povo, segundo Nietzsche) atribuir ao Amor Eros uma natureza fugaz, pouco racional e às vezes algo a se ter vergonha. É um “pecado original”, que apesar de necessário à nossa existência, merece culpa e pedido de perdão à Deus. Desde a catequese (formação católica que tive), acho isso muito estranho e contraditório. Que seja! Não podemos compreender tudo, e isso nem é tão importante. “Descobrir o verdadeiro sentido das coisas, é querer saber demais...” (O Teatro Mágico).
Assim acredita-se que o Amor Philos, relacionado ao sentimento fraternal, de amizade sincera, ou ao sentimento entre pais e filhos... É muito mais nobre, por ser desapaixonado, racional, constante... Não quero fazer comparações valorativas, mas embora eu entenda a beleza e importância fundamental do Amor Philos, não consigo concordar que seja menor, ou menos importante que Eros.
É comum atribuir a Philos o sentimento que permanece em um par de amantes quando inevitavelmente a paixão acaba. Eros com toda a sua força de atração, junta duas pessoas, mas logo passa e deixa Philos, menos intenso, porem mais duradouro e sensato em seu lugar. Não vivi uma experiência de amor nesta ordem. Pra mim Eros foi um resultado de Philos, e não o contrário. Não estou insinuando que este seja o caminho correto, ou ideal, mas pra mim foi extremamente proveitoso fazer o caminho inverso ao convencional. “O que eu como a prato pleno, bem pode ser o seu veneno. Mas como vai você saber sem tentar?” (Raul Seixas).
Ágape é ainda mais nobre que Philos no ponto de vista cristão. Amor divino que devora tudo ao seu redor e tem sua felicidade na felicidade (salvação) daquele(s) que ama. Pra muitos esse é um amor reservado somente a Deus (ou aos deuses). Nenhum ser humano poderia alcançar tal sentimento. Mas também não é dito que somos semelhantes ao criador? Poruqe não poderiamos repetir a forma do amor a imagem e semelhança deste criador?
Os três conceitos gregos do amor parecem estar distantes um do outro. Ao criar estas categorias para o amor, criou-se uma divisão onde cada um destes é sentido separadamente, e não podem estar juntos. De minha parte, acredito que mesmo amando-a em Eros, não deixei em nenhum momento de amá-la Philos também. Sentimento pra poucos. Sinto-me privilegiado por isso. Claro que não posso provar o que digo. Nem sei se conceitos são realmente úteis pra falar de sentimentos indescritíveis. Será possível deixar algum rastro do que se sente, ou do que se pretende dizer com um “Eu te Amo”? Só sei que sinto algo. Os conceitos me dão uma ideia que parece se afinar, de certo modo, ao que acontece aqui dentro de mim.
Não seria sensato dizer que é possível amar Ágape, Philos e Eros a um só tempo. E se alguém ousar dizer ou imaginar sentir isso poderá ser taxado de louco. Se algum ser humano algum dia chegou nessa plenitude (reconciliando os amores outrora sepárados), certamente não nos diria, afinal, a este, nada mais além do amor importa... Ganhou asas, se desmaterializou e tornou-se um “espírito livre”. Eternizou-se, igualou-se aos deuses e prendeu-se eternamente naquele instante onde encontrou a perfeição...
Será este o sentimento que prendeu (prende) Jesus por séculos naquela cruz centralizada acima dos altares das igrejas? Teria o personagem central de nossa cultura extrapolado o Amor Ágape que lhe cabia? Será esse o sentimento que nos leva a repetir, ler encenar aquele gesto a cada sexta-feira da Paixão? ...paixão... Isso seria uma blasfêmia, a menos que entendamos Eros a maneira platônica. É isso! A Paixão de Cristo deve conter em si além de Ágape e Philos, o Eros “puro”, livre da sensualidade...
Será?
Beijo na bunda (com Eros platônico, claro) e até segunda!
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Conceitos de Segunda #09
Ela era bonita?
Me perguntou a pouco a garota que sofre comigo momentos muito difíceis nos últimos meses...
Sim! Muito mais que isso! Ela era linda! Mais ainda, ela era minha amiga... Há exatos nove anos fui até a casa dela em torno das 15 hs. Depois de conversar por um tempo, com uma cumplicidade que tínhamos descoberto ainda no ultimo ano do século passado, ela me provocou. Deitou-se no meu colo, na área dos fundos da casa dela, e disse que estava com sono. Perguntou então o que eu iria fazer pra mantê-la acordada... Disse com os olhos fixos nos seus lábios entreabertos que não sabia... O sorriso largo e os olhos verdes que me traziam aquele olhar encantador estavam fechados. Eu sabia o que deveria fazer...
No dia anterior o papo aconteceu no meu quintal. Ela já tinha me recusado um beijo antes por alegar que nossos corações estavam desafinados um com o outro. Depois do “fora”, e de toda a minha frustração com aquilo tudo, ela voltou. Agora parecia evidente o som harmonioso que parecia se desenhar em cada vez que nos encontrávamos.
Meu tio Milton, vendo a gente ali pertinho um do outro, sem que ela percebesse, me fazia gestos pra que eu a beijasse. Pensava mesmo em tentar beija-la ali, mas lembrei num estalo que era dia primeiro de abril. Eu nunca “fiquei” com ninguém, como era comum aos de minha idade na época. Se eu a beijasse, seria pra começar a namorar (sou um cara das antigas). Achei que não era legal comemorar um namoro começado no "dia da mentira".
Voltando ao dia 2/4/2003, eu realmente sabia o que fazer. Eu e ela esperávamos o mágico toque dos lábios, que eu já tinha “sentido” num sonho incrível. Demorei pra beijá-la, pois estava “traumatizado” ainda com a sua recusa inicial. Afinal eu poderia estar enganado quanto a vontade que ela agora demonstrava. E se eu a beijasse e ela virasse um tapa na minha cara? Seria muito pior... Olhei então pra ela de olhos fechados, boca entreaberta e lábios projetados em minha direção e conclui que havia reciprocidade. Aproximei-me devagar e...
Não vou correr o risco de descrever aquele primeiro beijo com palavras. Se isso fosse realmente possível, poderíamos trocar beijos apaixonados por palavras sempre que quiséssemos. Definitivamente acho que não dá pra fazer isso. Só quem vive um beijo apaixonado, pode saber da sensação e da importância do mesmo. Posso dizer que ali a nossa amizade ganhou novos contornos, trouxe novos sentimentos pra se juntar aos que já haviam antes nos aproximado. Sentimentos que podem mudar e até construir vidas...
Construímos juntos duas novas vidas pra este mundo. Ambos nasceram no dia 31/03, um em 2006 e a outra em 2011. Entre as datas do aniversário de nossos filhos e o aniversário do início do nosso namoro está o dia da mentira. Em meio a tantas aflições e tristezas, a mentira parece não ser mais algo tão nocivo... Zaratustra falou assim “...admitamos que alguém tenha dito, com toda a sinceridade, que os poetas mentem demais: ele tem razão – nós mentimos demais...” (NIETZSCHE, 1998, pg. 159). Essa poesia, que minta todas as nossas aflições pode segurar vivas as nossas forças pra encarar os desafios que a vida nos apresenta e vencê-los. Colocar a “mentira” da arte (se opondo a fragilidade da verdade calculista) entre datas importantes conferem a poesia que essa trilogia de dias merece... Hoje é o dia que fecha a trilogia...
Nesses nove anos vivemos momentos de intensa felicidade. Tivemos problemas, discussões, momentos difíceis também. Mas nada que apague tudo o que aconteceu até hoje. A turbulência que começou com os problemas que a Clara teve ao nascer, retornou forte com o problema de saúde que quase nos tirou o Luiz Miguel em dezembro ultimo.
Nova fase pra essa nossa amizade: Manter o foco e a prioridade na luta pela sobrevivência de um, dos dois maiores tesouros produzidos por nosso amor. Não é fácil... Não sei que efeitos essa situação produzirá no futuro. Tirando o imenso desejo de que o Luiz Miguel e a Clara tenham a oportunidade de crescer, envelhecer, viver... pouco importa o resto. Um dia de cada vez... De choros a sorrisos, de tristezas a alegrias, vamos vivendo cada momento, cada dia...
Não sei o que será de nós amanhã, só sei que tudo o que passou até hoje, me deixa muito orgulhoso. Nada me inspira arrependimento, e se me fosse possível, viveria tudo de novo e de novo e de novo... “Nada vai conseguir mudar o que ficou...” (Renato Russo)
Posso não ter certeza de quase nada, mas ao menos é certo que Te Amo Ligia!