segunda-feira, 23 de abril de 2012

Conceitos de Segunda #12


“Possuem alguma coisa da qual se orgulham. Como chamam, mesmo, àquilo que os torna orgulhosos? Chamam-lhe instrução, e é o que os distingue dos pastores de cabras. [...].” (Nietzsche: “Assim Falou Zaratustra” – Primeira parte)
Somos tão orgulhosos de nossos valores, levantamos bandeiras em favor da “cultura”, e acreditamos piamente na superioridade dos que são “instruídos” em relação  aos pastores de cabras. Não creio na igualdade entre os homens, e junto com Nietzsche, considero um atentado a raridade de cada indivíduo a ideia de valores universais em torno da igualdade dos homens. “cada um de nós é um universo” (Raul Seixas). Mas ao mesmo tempo, demarcar a individualidade de cada um utilizando categorias “melhor”, “pior”, “bom” e “mau”, me parece uma grosseira estupidez.
Um doutor, que por anos se dedicou a sua ciência, não conseguiria conduzir por cem metros um rebanho de cabras “melhor” que o “pior” pastor de cabras. Acho que independente dos instrumentos de avaliação de nossa sociedade estúpida, devemos buscar sempre o melhor, dentro daquilo que nos causa prazer. Acredito que o bom pastor de cabras, é tão bem sucedido quanto o homem que se instrui por prazer. O homem instruído por pressão externa é em minha visão um verme diante do analfabeto que conduz como ninguém um rebanho de animais.
Lembro-me de uma velha historinha de um sábio que atravessava um lago com a ajuda de um barqueiro e ia pelo caminho mostrando o quanto o homem perdeu de sua vida sem ter aprendido gramática, literatura, história, matemática, biologia... No meio do trajeto o barco fura, e o barqueiro pergunta ao sábio: “Sabe nadar?” O sábio balança negativamente a cabeça e o barqueiro diz: “Sua vida inteira perdida...”
“uns são mais coordenados, determinados, obcecados. Outros atrás, vão levando a vida e quem ousa dizer que é pior?” (Duca Leindecker) 

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