“Possuem alguma coisa da qual se orgulham. Como
chamam, mesmo, àquilo que os torna orgulhosos? Chamam-lhe instrução, e é o que
os distingue dos pastores de cabras. [...].” (Nietzsche: “Assim Falou
Zaratustra” – Primeira parte)
Somos tão orgulhosos de nossos valores, levantamos
bandeiras em favor da “cultura”, e acreditamos piamente na superioridade dos
que são “instruídos” em relação aos
pastores de cabras. Não creio na igualdade entre os homens, e junto com
Nietzsche, considero um atentado a raridade de cada indivíduo a ideia de
valores universais em torno da igualdade dos homens. “cada um de nós é um
universo” (Raul Seixas). Mas ao mesmo tempo, demarcar a individualidade de cada
um utilizando categorias “melhor”, “pior”, “bom” e “mau”, me parece uma
grosseira estupidez.
Um doutor, que por anos se dedicou a sua ciência,
não conseguiria conduzir por cem metros um rebanho de cabras “melhor” que o
“pior” pastor de cabras. Acho que independente dos instrumentos de avaliação de
nossa sociedade estúpida, devemos buscar sempre o melhor, dentro daquilo que
nos causa prazer. Acredito que o bom pastor de cabras, é tão bem sucedido
quanto o homem que se instrui por prazer. O homem instruído por pressão externa
é em minha visão um verme diante do analfabeto que conduz como ninguém um
rebanho de animais.
Lembro-me de uma velha historinha de um sábio que
atravessava um lago com a ajuda de um barqueiro e ia pelo caminho mostrando o
quanto o homem perdeu de sua vida sem ter aprendido gramática, literatura,
história, matemática, biologia... No meio do trajeto o barco fura, e o
barqueiro pergunta ao sábio: “Sabe nadar?” O sábio balança negativamente a
cabeça e o barqueiro diz: “Sua vida inteira perdida...”
“uns são mais coordenados, determinados, obcecados.
Outros atrás, vão levando a vida e quem ousa dizer que é pior?” (Duca
Leindecker)
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