Há momentos em que a beleza e fascínio pela vida parecem tão evidentes, ficam tão a-flor-da-pele que o suicida parece ser o maior de todos os criminosos.
De repente, quando toda a rede de significação que nos mantém conectados às outras pessoas e ao mundo se desmancha feito algodão doce na boca, o suicida parece ser o mais sensato entre os homens.
Escolher a hora da partida, colocando um ponto final na própria vida no momento em que desejar, parece ser o maior entre todos os atos de coragem... Ao mesmo tempo, mudando só um pouquinho o ponto de vista, tragicamente observando, tal gesto pode parecer uma baita covardia... Seja qual for o ângulo, não deixa de ser um gesto sublime...
Há exatamente 40 anos, depois de comemorar seu vigésimo oitavo aniversário, o poeta Torquato Neto, o suicida exemplar (segundo Cesar Augusto de Carvalho), embarcava num disco pra bem longe do asterisco onde vivemos... Mas antes, um último poema:
"Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego. De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar. Pra mim, chega! Não sacudam demais o Thiago, que ele pode acordar".
O Thiago, único herdeiro do homem que sobrevoava e saboreava o universo a bordo de sua poesia, hoje tem 42 anos e é piloto de avião...
Hey, quanto tempo não ando por essas bandas de cá...
ResponderExcluirSensacional homenagem! Acredito que ele cantaria aquela velha, porém atualíssima de Cazuza: "...a vida é bem mais perigosa que a morte."
Abraço!